A violência contra as mulheres e a desigualdade de gênero são naturalmente pautadas na rotina jornalística. Essas práticas infelizmente existem e se repetem constantemente. Desde janeiro deste ano, A Gazeta começou a produção e distribuição de conteúdos especiais relacionados à temática e, nesta sexta-feira (25), lança uma página exclusiva sobre o assunto: agazeta.com.br/todaselas. O espaço vai reunir matérias de serviço, de denúncia e histórias inspiradoras.
“No ano passado, decidimos que já era a hora de olhar para esse problema como um todo e tentar envolver um maior número possível de pessoas na divulgação e conscientização da questão. Nasceu então o projeto Todas Elas, que se propõe a dar ainda mais visibilidade às histórias de mulheres que são machucadas, assassinadas. Não queremos apenas enumerar uma série de dores e traumas. Nosso propósito é tentar fazer todos refletirem”, conta a editora-chefe de A Gazeta, Elaine Silva.
O Todas Elas tem como foco inspirar e gerar empatia nas mulheres capixabas, encorajá-las na luta pelos seus direitos, além de ajudar a denunciar a violência e questionar desigualdades. Nesta nova etapa, será realizada uma campanha multimídia, com a participação de todos os veículos da Rede Gazeta, de forma a dar visibilidade, gerar engajamento e apresentar a iniciativa ao público em geral.
“Em mais de 20 anos de trabalho em A Gazeta, muitos foram os casos de violência contra mulher que presenciei e vi o jornal contar. E sempre, principalmente naqueles crimes mais bárbaros, nos perguntávamos, como jornalistas e, no meu caso, como mulher, ´por que o Espírito Santo é um Estado tão violento?´ Seria algo cultural, originário da formação da sociedade capixaba? A busca dessas respostas nos fez debater cada vez mais, entre nós, jornalistas, as razões para tantos crimes e violências”, relata a editora-chefe.
Violência de gênero no Espírito Santo
De acordo com o Monitor da Violência do G1, em 2019 o Espírito Santo foi o estado do Sudeste com a maior quantidade de casos de feminicídio (mortes de mulheres em razão do gênero), quando considerada a taxa por 100 mil pessoas do sexo feminino. No ranking nacional, o estado está na 12ª posição entre as unidades da federação.
“Queremos ajudar essas mulheres a superar seus sofrimentos e dar a volta por cima. Não podemos simplesmente ficar paralisados enquanto vários casos se repetem aos quatro cantos capixabas. É uma forma de unir vozes, desejos, pedidos de socorros, em torno de um canal para valorizar a mulher. A ideia é denunciar a violência, mostrar como se quebra esse ciclo, que tipo de apoio a mulher pode ter. E oferecer muitas formas de educação e empreendedorismo para todas as mulheres, vítimas ou não de violência.”, afirma Elaine.
As imagens da campanha
A identidade visual da campanha foi criada pela designer e ilustradora Carol Cuquetto, que trabalhou com quatro ilustrações que fazem referência a abrigo, mãos, rostos femininos e pequenos ramos que crescem daí. De acordo com a profissional, os elementos falam sobre superação e acolhimento, mensagens visuais sobre o encontro de uma rede de apoio, cicatrização de feridas e florescimento.
“As mãos são um símbolo de luta e de presença utilizados aqui para expressar a busca por espaços seguros onde a história de cada mulher conta. São desenhos de linhas simples, porém cheios de significado, que dialogam graficamente de forma harmônica com as imagens da campanha.”, explica Carol.